Marco André





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Marco André globaliza ritmos da Amazônia
DVD Beat Iú processa eletrônica com música regional


por Beto Feitosa

O cantor e compositor paraense Marco André lança seu primeiro DVD, Beat iú ao vivo, caprichada produção independente. O show traz a curiosa mistura proposta pelo artista de ritmos populares da região amazônica com linguagem eletrônica. A produção musical, dividida entre Marco e Sacha Amback, transforma em universal as tradições que nem o Brasil dito moderno ainda foi capaz de assimilar.

O cantor ficou conhecido nacionalmente em 1990 quando sua voz embalou a versão de Meu bem, meu mal, de Caetano Veloso, na abertura da novela homônima. Mas o Marco André que se ouve hoje é bem diferente daquele intérprete de acento romântico. No DVD se conhece um artista de ritmos fortes e propostas marcantes.

A direção do DVD fica dividida entre os experts Roberto Talma e Jodele Larcher. Gravado em estúdio com presença do público, o vídeo mostra um vigoroso show de músicas fortes, imagens marcantes, muitas cores e ritmos. O cenário traz paredes de madeira trançada e animação gráfica em projeções, dando o clima de festa em uma rave que parte da tradição do norte brasileiro para encontrar as mais modernas referências do som globalizado. A dinâmica edição segue a proposta musical, costurando imagens dinâmicas e cortes rápidos.

A experiência musical nasceu com o CD Amazônia groove (2004) e seguiu em Beat iú (2007). Mas é no DVD que chega ao seu ponto mais alto com a energia pulsando ao vivo. No palco Marco André mostra a real força de sua mistura processando ritmos como carimbó, lundu, síria e a tradição do boi com elementos eletrônicos e alma rock and roll. A ousada proposta segue a mesma livre cartilha tropicalista resgatada por Chico Science na década de 90.

A maior parte do repertório é assinada pelo artista. Seu manifesto está apresentado em Caringlobalizado e em Amazônia groove. A divertida Pequeno dicionário do amor é apelidada de "brega'n' bass" enquanto em Beat iú soma trocadilhos em inglês e cruza personagens como os atentos DJs de Londres e o Trio Manari, responsável pela base de ritmo local do show: "Se liga no tremor da língua".

Entre as releituras, dá um banho de personalidade no grande sucesso Por causa de você menina, de Jorge Benjor. Partindo para a região norte, a voz de Mestre Verequete aparece em gravação cantando "O carimbó não morreu / Quem dança o carimbó sou eu", que abre espaço para um moderno medley de carimbós clássicos. Abrindo e fechando o show Marco traz a Lua namoradeira de Dona Onete, personagem apresentada no conteúdo extra do DVD.

Marco mergulha na tradição no documentário de 20 minutos que traz a base didática e as referências culturais de sua música. Os ingredientes são apresentados com seus ritmos e instrumentos típicos no cenário de sua raiz. A partir dali entra o trabalho do artista, que transforma aquela manifestação popular em algo novo e festa jovem. Ainda nos extras traz um glossário de termos regionais, apresentados música a música. Rico conteúdo para quem quiser chegar ainda mais perto nas tradições.

Inquieto e criativo, Marco André criou um novo som. A base são ritmos tradicionais que pouco chegam na mídia brasileira, mas a nova linguagem tem o mérito de misturar as prateleiras do folclore com a experimental eletrônica. Beat iú é uma festa cheia de adjetivos e boas intenções, pronta para ser assimilada e mais conhecida.

Fonte:http://www2.uol.com.br/ziriguidum/1001/100114-01.htm

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